O importante da educação não é apenas formar um mercado de trabalho, mas formar uma nação, com gente capaz de pensar. (José Arthur Giannotti)




terça-feira, 23 de novembro de 2010

Educação e crescimento sustentável

Gabriel Chalita


Que a educação é base para o crescimento sustentável de um país, muita gente já disse e das mais diversas formas. Agora quem diz é a consultoria britânica especializada em análise de riscos, a Economist Intelligence Unit (EIU). E a conclusão é muito atual. Foi divulgada no dia 27 de julho. Segundo a agência, os outros desafios do crescimento sustentável são a infraestrutura, a inovação e o reconhecimento internacional de marcas. Só resolvendo esses “gargalos”, um país como o Brasil conseguiria manter nível constante de crescimento em torno de 5%. Um dos entraves apontados é a falta de mão-de-obra qualificada para preencher vagas cruciais nas empresas. Quase metade das companhias americanas, por exemplo, considera esse o principal desafio. Em relação à educação, no caso brasileiro, essa mão-de-obra envolve preferencialmente os professores.

A própria EIU aponta como saída o aperfeiçoamento do currículo educacional e a formação dos professores, além da priorização da educação básica. O relatório mostra, ainda, a necessidade de maior aproximação entre empresas e universidades para gerar conhecimento e inovação – o que já ocorre nas áreas ambiental e agrícola.

Para o educador, que vive em seu dia-a-dia a luta para formar cidadãos de bem, aptos à vida em sociedade, esse diagnóstico não é novidade. Porém, o desafio é mais complexo. O Brasil precisa avançar em sua política pública voltada para a educação; direcionando verbas de maneira mais eficiente e ampliando o acesso à escola, tornando-a mais democrática e eficaz. 

No centro deste processo está sempre o professor. Afinal, o professor é a alma da educação. Valorizá-lo, com formação continuada e iniciativas para o incentivo à leitura, valorização salarial e reconhecimento afetivo, é caminho simples, testado e infalível. Como secretário de Educação, pude trabalhar para buscar em São Paulo essa escola mais humana e com qualidade. Programas como a Escola da Família e Escolas de Tempo Integral, aliados a ações de valorização dos educadores, transformaram e humanizaram a educação e contribuíram com a diminuição da violência e da evasão escolar em São Paulo.

Mas, podemos ir além, a começar por evitar retrocessos. Avanços na área educacional devem se perpetuar na forma de política de Estado – a exemplo do que foi feito na área econômica com a Lei de Responsabilidade Fiscal, hoje um instrumento acima de interesses partidários. Uma Lei de Responsabilidade Educacional seria o caminho para que aos gestores públicos dessem continuidade às políticas educacionais de seus antecessores. Educação é processo. Não se pode, em nome de personalismos, destruir o que foi feito em outras gestões. Enfim, a escola humana, que valoriza o professor, que transforma seu espaço em centro de irradiação de luz na comunidade, mais do que possível, é necessária para o futuro do Brasil.

Sobre Gabriel Chalita
Gabriel Chalita é vereador do município de São Paulo, o mais votado do Brasil em 2008, eleito com 102 mil votos. É autor da primeira lei do Brasil de combate e prevenção ao bullying nas escolas da capital paulista. Também é autor do livro sobre o tema, “Pedagogia da Amizade – Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores”.

Entre 2002 e 2006 foi secretário de Estado da Educação de São Paulo. Nesse período, implantou programas que transformaram e humanizaram a educação, a exemplo da Escola da Família e Escolas em Tempo Integral, além de ações de valorização dos educadores. Esses projetos contribuíram para diminuir da violência e evasão escolar.

Educador por vocação, Chalita preparou-se desde a infância para os ofícios de professor e escritor. Hoje soma a publicação de 51 títulos, desde livros didáticos a tratados sobre a ética e a filosofia. É membro da Academia Brasileira de Educação. Cursou Filosofia e Direito. Logo depois fez mestrados em Sociologia e em Direito; além de doutorados em Comunicação e Semiótica e em Direito, ambos pela PUC/SP. Leciona na própria PUC e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Gabriel Chalita foi eleito Deputado Federal pelo PSB com mais de meio milhão de votos.

Um comentário:

  1. O professor Gabriel é sempre surpreendente em suas reflexões, não?
    Precisamos apoiar e acreditar em pessoas que, a seu exemplo, consideram a Educação Básica Escolar a centralidade de suas propostas de política, afinal, que adianta pensar no profissionalismo do sujeito sem antes ensiná-lo a compreender as questões fundamentais inerentes ao processo da vida humana?
    Apoio Gabriel Chalta porque, como ele,acredito, com fé, na Educação!
    Ir. Vivian Aparecida

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